Na Mira do Lippy: Gabriel o Pensador e o patriotismo hipócrita

O texto a seguir reflete a opinião do Colunista e não da equipe do Falando de Rock.


Abaixo estão trechos da Canção escrita e cantada por Gabriel O Pensador, chamada “...E VOCÊ”


“...Valorizando sempre as nossas
Raízes Costumes Cultura musical em geral
Então escuta o que eu digo pro americanizado débil mental
(Você é um burro e não vê a excelente cultura e os costumes do seu próprio país
E abre as pernas pro que os outros lhe impõe
Sem camisinha ou vaselina como o Tio Sam sempre quis)....”

“...E eu falo pra todos aqueles que querem me ouvir e vão concordar ou discordar
Talvez acordar
Talvez me seguir ou talvez me vaiar (mas eu vou defecar)
E eu falo "pro" meu conterrâneo, mas posso falar "pro" estrangeiro
Mas, eu sou apenas um rapaz latino-americano
Então em primeiro lugar o que eu falo é "pros" brasileiros
Inclusive "pras" "Lôrabúrras", "pros" playboys, pros militares, e "pros" crentes
Pra todos os fdp carentes que sofrem com a dominação cultural...”

“...Escravos da própria falta de atitude
Alguns se iludem ficam esperando que alguma coisa mude...
Os mais afetados esquecem onde tão e aplaudem tudo o que for importado
Espero que tenha ficado bem claro de que lado eu "tô"
Apesar de ser um terráqueo
Gabriel O Pensador nunca vai se esquecer o pedaço do planeta de onde ele saiu...”

Agora queridos leitores, “defecando” para tudo que foi escrito por Gabriel deixo aqui minha opinião a respeito desse patriotismo hipócrita que é cantado com tanto orgulho.

Acho o fim da picada, ter orgulho do lugar onde nasceu. Ser obrigado a torcer pela Seleção Brasileira na Copa, vibrar com os socos e pontapés do Anderson Silva, ficar orgulhoso do duplo twist carpado da Daiane dos Santos ou dizer que as aves que gorjeiam no exterior não gorjeiam como as do meu país é o fim.

Ter orgulho em dizer que se é brasileiro, alemão ou romano é tão significativo quanto ter orgulho de ter nascido perto de um McDonald’s. É só uma coincidência geográfica, nada mais. O teu local de nascimento não informa nada sobre teu caráter, inteligência ou tamanho do pênis.

É fácil criar uma música chamando as pessoas de americanizados de "merda", "filhos da puta" que não respeitam o próprio país e que abrem as pernas para o Tio Sam sem vaselina. Esta "música" de Gabriel O "Pensador" é bem escrita e bem cantada levando em conta o nível musical que quem a fez e deixa cada vez mais claro que Samuel Johnson escritor e pensador inglês, estava certo quando disse: "O patriotismo é o último refúgio de um canalha".

Deixo claro, não gosto de samba, frevo, pagode, funk, bossa nova, fandango, maxixe, forró ou algum outro ritmo brasileiro do qual consigo me lembrar agora. Gosto de Rock, e sei reconhecer as incríveis bandas de rock e heavy metal que o Brasil possui, como a própria Holinnes. É claro que minhas bandas favoritas são em 80% estrangeiras, pois sei a qualidade fora do comum de bandas como, Motorhead, Black Sabbath, Judas Priest e tantas outras. Não sou obrigado a ouvir música ruim só para mostrar “respeito” a cultura nacional.

O mais engraçado é que tem aqueles que dizem que o português é a língua mais bonita do mundo, pois temos a palavra saudade. “Saudade é intraduzível,”, dizem. Sim, saudade só existe em português, mas devemos nos ater a dois fatos muito importantes. Primeiro: saudade não é a palavra de mais difícil tradução no mundo, e sim ilunga. Segundo: eu trocaria a palavra saudade pela facilidade incrível de conjugar verbos que a língua inglesa possui.

Não é por que abomino esse patriotismo hipócrita que não quero que este país prospere. Claro que quero. Não querer isto é dar um tiro no meu próprio pé.

Mas não quero que ele prospere por que ele é o Brasil, o lugar em que nasci. Quero que prospere por ser o lugar em que eu moro. Eu quero viver no melhor lugar possível, e vou batalhar para isto. Não importa se este lugar é o Brasil, a Argentina ou a Chechênia. Eu quero ter orgulho de morar em um lugar onde haja condições iguais para todos. Onde todos tenham acesso à educação, saúde e trabalho.

Ter orgulho do meu país (estado ou cidade) só porque nasci nele é a mesma coisa que defender minha privada só porque urino nela todos os dias, ou seja: uma tremenda idiotice.

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