Freddie, Kurt e Jim, Eles Foram Grandes! Mas Não Geniais - Por Bruno Lippy.

O texto a seguir reflete a opinião do Colunista e não da equipe do Falando de Rock.

 

Caros leitores, eu possuo uma visão muito particular sobre o uso da palavra gênio no meio musical; Para mim um gênio musical é aquele que divide a história entre antes e depois dele mesmo, Chuck Berry e Elvis Presley são exemplos disso, antes deles Blues, country, música gospel e folk, depois deles Rock. Mas infelizmente a morte faz com que grandes artistas ganhem inexplicavelmente essa definição.

Jim Morrison, Kurt Cobain e até mesmo Freddie Mercury são exemplos de músicos que foram vítimas dessa “babação de ovo pós morte”, transformados em deuses acima do bem e do mal, sem erros e nem defeitos, vítimas dessa adoração irresponsável.

Mas porque irresponsável? É simples, esse endeusamento exagerado esconde a fascinante história por trás de cada personalidade, os desvios de caráter, as grandes mancadas, as canções ruins, os conflitos pessoais e profissionais e é claro os inúmeros micos que estes artistas deixaram de brinde para o mundo. Além de que é uma covardia imensa com os diversos músicos incríveis que cercavam esses “mitos” e foram responsáveis por grande parte do sucesso de suas bandas e que hoje são praticamente jogados no ostracismo.

Eu sempre tive a música como uma paixão, ouvir o vinil "Chuck Berry Is On Top", por exemplo, é minha droga preferida, e eu não gosto só de ouvir minha modesta coleção de discos, eu gosto de estudar a história por trás do artista, da música, dos músicos e me orgulho muito em saber sem precisar pesquisar no Google, que são: Marshall Lytle, Joe D'Ambrosio, Chet Atkins, Bill Black, D.J. Fontana, Shorty Long, Joe Mauldin, Jerry Allison, C.W. Kendall, Bo Didley, Fred Below, Big Bopper, Ritchie Valens, Don Mclean, sem esses artistas ditos “coadjuvantes” os “grandes gênios endeusados” não teriam a oportunidade de cantar nem no Lar de velhinhos da cidade. A conclusão é óbvia sem seus companheiros músicos (baixistas, pianista, bateristas e demais) "os grandes gênios endeusados" não seriam nem a sombra do cocô do cavalo do bandido, mas incrivelmente o dia a morte, o aniversário, o bigode, os devaneios e as loucuras deles não são lembrados todo ano, não são noticiados, não são idolatrados...

Essa falsa “Áurea de Divindade” impede que o grande público conheça, por exemplo, as incríveis e inexistentes experiências com índios mortos, almas de índios mortos e sangue de índios mortos do “pancada” Jim Morrison que renderam ao excelente grupo The Doors duas das mais horríveis canções que já ouvi “Peace Frog” e “Ghost Song”. Esquecem da personalidade destrutiva, depressiva e em alguns momentos nefasta de Kurt Cobain que criou a tenebrosa música “Aneurysm” uma das porcarias que o Nirvana produziu. Esquecem também do quão cafona era o Queen no que diz respeito ao estilo, do patético dueto entre Freddie Mercury e Montserrat Caballé (que, aliás, até hoje me dá pesadelos), esquecem até mesmo de sua desastrosa carreira solo que deu vida a abominações como ”I Was Born to Love You”, “Let's Turn It On”, “Mr. Bad Guy” e “Calling All Girls”.

Não me levem a mal, não sou insensível, muito menos burro, Eu adoro a boa obra de Freddie, Kurt e Jim e por diversas vezes exaltei essa obra, mas me digam: Por que o bigodudo da frente cantando é um gênio e o cara ali de trás responsável pelos riffs inesquecíveis e magistrais é apenas o guitarrista do gênio? Isso tem lógica? Claro que não. Freddie, Jim e Kurt são grandes não só como intérpretes, mas também como compositores, mas tenho que ser fiel a verdade, eles estão longe de estar acima do bem e do mal e apesar de serem grandes não merecem carregar a alcunha de gênios.

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